Dois empresários e um ex-funcionário da Copel foram presos nesta segunda-feira (5) suspeitos de envolvimento numa fraude milionária. O trio foi alvo da “Operação Curto Circuito” deflagrada pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), unidade da Polícia Civil do Paraná. Além deles, cinco outros empresários foram conduzidos coercitivamente – quando são levados para prestar depoimento.
Durante a ação policial, que aconteceu nas cidades de Cascavel (Oeste), Laranjeiras do Sul (Centro-Oeste) e Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba), foram apreendidos documentos e aparelhos celulares. Ao todo foram cumpridos dez mandados, sendo três de prisão temporária, cinco de condução coercitiva e dois de busca e apreensão.
AUDITORIA DA COPEL – A investigação, que levou um ano, começou após uma auditoria feita pela própria Copel, que identificou diversas irregularidades em contratos da estatal com várias empresas. A partir daí, a Copel comunicou a polícia e iniciou o processo interno que culminou com a demissão do funcionário.
A fraude investigada pelo Nurce tinha participação direta de Wellington Cesar Nunes, ex-funcionário da Copel. Era ele o fiscal dos contratos das empresas com a Copel. De acordo com a investigação, Nunes aumentava propositadamente os valores a serem pagos às empresas, por intermédio da falsa prestação de informações, fazendo com que elas recebessem um valor maior do que o realmente devido. O prejuízo contabilizado é de R$ 7 milhões. A Copel entrou com uma ação na justiça para reaver os recursos públicos desviados.
“Essas empresas eram contratantes, prestadoras de serviços para a Copel. São serviços complexos, de instalações de postes, por exemplo. Na análise da auditoria comprovou-se que o funcionário, em conluio com os empresários, dizia que foi feito a mais. Na quebra do sigilo bancário, comprovamos transferências bancárias dessas empresas para o funcionário”, explicou o delegado-titular do Nurce, Renato Bastos Figueiroa.
Além de Nunes, foram detidos ainda Rodrigo Sonda, administrador das empresas Acezza e Dipel, e Gilson Roberto Sandri, da Hagil e da própria empresa que leva o seu nome. O ex-funcionário da Copel e Sonda foram presos em Cascavel e Sandri em Pinhais. Os detidos vão responder pelos crimes de associação criminosa, corrupção ativa e passiva.
“Agora vamos tomar o depoimento das pessoas presas e conduzidas coercitivamente para prosseguir na investigação”, disse o delegado-adjunto do Nurce, Gustavo Mendes Marques de Brito.
CONTRATOS – O Nurce investigou 12 contratos firmados pela Copel chegando a sete empresas: Acezza Montagens Elétricas Ltda; Dipel Construções Elétricas e Civis Ltda; Eletro Cardoso; Eletro Instaladora Getel Ltda; Gilson Roberto Sandri & Cia Ltda- ME; Hagil Serviços Elétricos Ltda; ME e Selgo Serviços Elétricos Ltda. Além do trio que foi detido na operação, os responsáveis pelas empresas foram conduzidos coercitivamente.
Com apoio do Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil do Paraná, o Nurce constatou movimentação de recursos na conta bancária de Nunes totalmente incompatível com os vencimentos declarados. Relatório feito pelo laboratório revela que entre 2012 e 2016, o ex-funcionário da Copel recebeu, na conta bancária, vultosas transferências de valores repassadas pelas empresas envolvidas na fraude.
Nos anos de 2013 e 2014, os gastos de Nunes foram quatro vezes maiores que os rendimentos dele, segundo relatório do laboratório. Foi em 2014 o ápice do esquema criminoso, quando 63% dos recursos recebidos pelo ex-funcionário foram transferidos pelas empresas investigadas.
As investigações do Nurce prosseguem agora no intuito de apurar a participação de outras pessoas na fraud
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