Levantamento da Universidade de São Paulo (USP) indicou que 12 milhões de brasileiros compartilham informações inverídicas em suas redes sociais, comprovando a força e crescimento dessa atividade.
Não é difícil entender as razões para isso acontecer, uma vez que existe um evidente crescimento das redes sociais como meio de informação no país (saltou de 47% em 2013 para 72% em 2016, de acordo com o Instituto Reuters) e o mercado de fake news está cada vez mais profissional, com materiais sensacionalistas ou bombásticos que atendem os desejos críticos de diferentes segmentos. Até mesmo a produção, que antes girava mais em torno de manchetes, passou a ganhar um corpo de texto mais elaborado com o intuito de enganar o leitor.
O prejuízo social desses falsos materiais jornalísticos é imenso e os exemplos vão desde a saúde, com tratamentos caseiros ou dados errados sobre alimentos e remédios, até prejulgamento das pessoas, que causam danos muitas vezes irreversíveis a imagem ou honra. Em ano eleitoral e com o país bastante polarizado em relação à política, a tendência é que as fake news inundem ainda mais as redes sociais dos brasileiros.
Combater a desinformação é um trabalho árduo e que exige sinergia entre diferentes protagonistas desse processo. As redes sociais têm buscado desenvolver algoritmos e contratado moderadores com o intuito de minimizar os danos causados por esses materiais, enquanto o legislativo precisa aprimorar leis que fortaleçam o marco legal em relação à produção de notícias inverídicas e criar condições para que os autores recebam a devida punição.
Porém o maior avanço em relação ao combate da fake news ainda reside no próprio cidadão, que tem um papel crucial para evitar a difusão desses materiais. Nesse sentido, precisamos ser mais críticos e responsáveis para verificar a veracidade de um fato, perceber que notícias relevantes ou bombásticas certamente serão veiculadas em estabelecidos canais de comunicação e, especialmente, utilizar diferentes informações para a construção de um diálogo propositivo.
Notícias falsas impactam sobre as verdadeiras e nublam o discernimento da realidade, podendo causar danos pessoais e sociais que enfraquecem nossa democracia. É preciso encarar com seriedade a informação que recebemos e compartilhamos, pois são instrumentos determinantes na formação das próximas gerações, embasam argumentos para debates e afetam o comportamento de nossa sociedade.
Marcello Richa é presidente do Instituto Teotônio Vilela do Paraná (ITV-PR)