O primeiro deles é que sabemos hoje o quanto o bullying é um problema sério. Crianças e adolescentes que são vítimas de perseguição sistemática e brincadeiras cruéis repetidas por parte de colegas na escola, podem desenvolver quadros graves que vão da ansiedade descontrolada, distúrbios do sono, isolamento social, síndrome do pânico, abuso de álcool e drogas, chegando ao suicídio.
Até 20 anos atrás não se tinha sequer noção da gravidade que pode vir a ter atos agressivos ou desmoralizantes, praticados repetidamente contra crianças e adolescentes por colegas ou mesmo professores.
O bullying só começou a ser estudado à fundo depois de 1999, com o “massacre de Columbine”, nos Estados Unidos, quando dois estudantes, vítimas de bullying, mataram a tiros 12 alunos e professores e feriram 21.
Um estudioso propôs então que se usasse, para definir o comportamento que deu origem a tragédia, a expressão “bullying” (gerúndio de to bully, que significa “tiranizar, oprimir, ameaçar ou amedrontar”). Em português, na falta de uma expressão com todos esses significados, também foi adotado o termo “bullying”.
Explico agora o segundo motivo pelo qual esse projeto de lei, aprovado na CCJ da Assembleia do Paraná, é tão importante para mim. Para começar, quero esclarecer que a concepção dele não é minha, nem do deputado Schiavinato (PP), o outro signatário do projeto. Nós apenas o apadrinhamos.
Tenho o orgulho de dizer que esse projeto foi totalmente concebido e formulado por um estudante. Está tramitando na Assembleia porque ele, e milhares de estudantes do ensino médio do Paraná, participaram um projeto de estímulo a cidadania criado pela nossa Assembleia, durante minha gestão, que estimula os participantes formular projetos de lei como se fossem deputados. O projeto vencedor, como é o caso, pode vir a tramitar na Assembleia.
O estudante autor do projeto aprovado na CCJ é Douglas Froelich, de 17 anos, aluno do do Ensino Médio do Colégio Estadual do Campo Helena Kolody, de Cruz Machado, município paranaense de 18 mil habitantes. O programa que ele participou foi o Geração Atitude.
O Geração Atitude, é um programa desenvolvido pela Assembleia que já recebeu importantes prêmios nacionais. Tem como parceiros o Ministério Público do Paraná, a Secretaria de Educação, Tribunal de Justiça e Secretaria da Juventude.
A ideia é estimular a cidadania e desenvolver o interesse dos estudantes pela política. O projeto sobre o bullying foi classificado como grande vencedor da segunda edição do Geração Atitude, de 2017.
O projeto do estudante estabelece que sejam feitas campanhas anuais para a conscientização (através de palestras, peças de teatro) dos alunos explicando claramente todos os danos que podem ser produzidos pela prática do bullying.
No ano passado, em Goiânia, um adolescente matou a tiros dois estudantes de sua escola. Descobriu-se depois que, por longo tempo, ele foi vítima de brincadeiras cruéis por parte desses colegas. Também no Brasil o bullying já resultou em reações de extrema violência.
A Assembleia do Paraná, graças ao Geração Atitude, está fazendo sua parte para evitar que tragédias assim se repitam.
Ademar Traiano é deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e vice-presidente do PSDB do Paraná