Paraná alerta para números alarmantes de intoxicação por medicamentos

Dados da Secretaria de Estado da Saúde mostram que desde 2012 o Paraná já registrou 17969 casos de intoxicação causada por medicamentos. Apenas no ano passado, o número chega a 4053. Mais de metade destes casos ocorre com pessoas entre 20 e 49 anos e pouco mais de 71% das vítimas são mulheres. Curitiba, 04/05/2017. Foto: Divulgação SESA

Dados da Secretaria de Estado da Saúde mostram que desde 2012 o Paraná já registrou 17969 casos de intoxicação causada por medicamentos. Apenas no ano passado, o número chega a 4053. Mais de metade destes casos ocorre com pessoas entre 20 e 49 anos e pouco mais de 71% das vítimas são mulheres.

“Esses dados mostram a necessidade de conscientizar a população sobre o uso racional de medicamentos. A automedicação pode mascarar sintomas ou até mesmo provocar intoxicações graves e é importante que as pessoas saibam como evitar essas situações”, ressalta o secretário estadual da Saúde Michele Caputo Neto.

Os números assustam, e com razão. No comparativo, por exemplo, com os casos de intoxicação envolvendo agrotóxicos de qualquer natureza (883), o número de casos de intoxicação por produtos químicos (1834) ou os casos envolvendo intoxicação pelo uso de drogas (3956), no mesmo período, é possível verificar que os medicamentos estão na liderança absoluta.

A Secretaria revela, ainda, que mais de cinco mil destes casos ocorreram em virtude de fatores como a má conservação do medicamento e a ingestão de produtos fora do prazo de validade, erros na prescrição ou administração e a automedicação.

USO RACIONAL – O uso racional de medicamentos é um conceito onde o paciente recebe todas as informações necessárias para que faça o melhor uso do tratamento prescrito. Desde o porquê de sua recomendação até qual a maneira correta para armazená-lo em casa.

“A orientação para uso racional de medicamentos visa despertar uma maior consciência para o assunto evitando que, por exemplo, as pessoas se automediquem ou saiam de um consultório médico com dúvidas. Algo que infelizmente ainda é frequente”, destaca o chefe da divisão de Vigilância Sanitária de Produtos, Luciane Otaviano de Lima.

Para Glaci Fecchio, que há mais de 10 anos cuida da mãe, as dificuldades em coordenar a administração correta de remédios são muitas. “Minha mãe toma oito remédios diferentes por dia e tem medo de que o medicamento vá causar algo ruim. A gente não sabe direito o que ele vai fazer”, relata Glaci.

A Secretaria de Estado da Saúde ressalta que idosos merecem atenção especial neste assunto. Comumente pessoas com maior idade costumam consumir uma maior gama de medicamentos diariamente. Para inseri-los no conceito de uso racional de medicamentos, a Secretaria criou uma série de materiais gráficos, distribuídos em eventos públicos ou mesmo em empresas e instituições, orientando que, por exemplo, criem listas de seus medicamentos e tirem dúvidas com médicos e farmacêuticos.

O Conselho Regional de Medicina ressalta a importância de se seguir uma receita ao pé da letra. “A receita é a complementação do ato médico”, afirma o pediatra Maurício Marcondes Ribas, conselheiro corregedor geral do CRM-PR. Para o conselheiro, por mais que os sintomas sumam, o tratamento deve ser feito até o final. “Uma dor de ouvido, por exemplo, pede sete dias de tratamento. Mas depois do quarto ou quinto dia, quando os sintomas somem, o paciente não deve parar de tomar o remédio, para que o tratamento seja eficaz”, enfatiza Ribas.

PERIGO – Sintomas considerados mais corriqueiros como dores de cabeça ou garganta dificilmente levam um paciente a uma Unidade de Saúde. Geralmente eles optam por uma farmácia e compram algo que já tenha visto funcionar.

Paula Rossignoli, do Departamento de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde, explica os problemas que isto pode causar. “Muitas vezes nem o farmacêutico nem o paciente sabem exatamente qual é o problema. E tomar um remédio sem uma avaliação médica pode acarretar eventos adversos severos”, afirma.

Paula fala, ainda, a respeito do armazenamento inadequado de medicamentos dentro de casa: a famosa gaveta de remédios. Deixá-los expostos à luz solar, variações de temperatura e umidade podem reduzir sua eficácia. “É recomendado que periodicamente as pessoas peguem suas caixinhas e gavetas de remédios e façam uma revisão”, reforça.

SERVIÇO: Em comemoração ao Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, celebrado no dia 5 de maio, o Conselho Regional de Farmácia vai oferecer à população orientações sobre o uso correto de medicamentos. A programação do evento é a seguinte:

04/05

Ponta Grossa

Local: Terminal Central

Horário: 9h às 15h

05/04

Curitiba

Local: Boca Maldita

Horário: 8h às 14h

Londrina

Local: Calçadão do Centro

Horário: 8h às 12h

Umuarama

Local: Farmácia da Partilha

Horário: 7h30 às 12h

Maringá

Local: Átrium Centro Empresarial – Av. Bento Munhoz da Rocha Neto, 632

Horário: 14h às 17h30

06/05

Francisco Beltrão

Local: Calçadão Central

Horário: a partir das 8h

Cascavel

Local: Av. Brasil (em frente da Catedral Nossa Senhora Aparecida)

Horário: 8h30 às 17h

Consulta Farmacêutica está disponível em seis unidades do Farmácia do Paraná

O Governo do Estado oferece, em seis unidades da Farmácia do Paraná, o projeto de Consulta Farmacêutica. Nessas unidades, os pacientes, que recebem medicamentos de alto custo e uso contínuo, são orientados sobre a melhor forma de usá-los.

“É um momento único onde trazemos informações essenciais ao paciente e isso tem mudado a consciência do farmacêutico e do usuário do medicamento sobre seus papéis”, explica Rossignoli, que também é coordenadora do projeto.

Para Albert Cardoso, farmacêutico que trabalha no projeto, é uma forma de tornar o tratamento mais simples e eficiente. “Às vezes o médico explicou e o paciente não entendeu. E resolvemos isso escutando o paciente. Quando você ouve um paciente ele passa a aceitar sua doença e aceitar o tratamento”, declarou.

Entender todos os porquês de um tratamento faz com que o paciente sinta-se confortável para que o leve até o final. E, acima de tudo, o faça da maneira correta, com maior consciência.

“Eles sempre dão uma olhadinha nas minhas receitas e sempre esclarecem todas as minhas dúvidas. É como uma pré-consulta, só que melhor. Eles explicam tudo que a gente precisa entender”, declarou Adélia Aparecida Teixeira, usuária do projeto há mais de um ano.

As Regionais de Saúde que contam com o serviço atualmente são 2ª RS – Metropolitana de Curitiba, 4a RS – Irati, 9a RS – Foz do Iguaçu, 10a RS – Cascavel, 12a RS – Umuarama e 13a RS – Cianorte.

Saiba mais sobre o trabalho do Governo do Estado em:
http:///www.facebook.com/governopr e www.pr.gov.br

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