Essa é a projeção da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento para este ano, divulgada nesta segunda-feira (02), cujo acompanhamento mensal passou a incorporar os resultados da safra de inverno que se inicia. O Departamento de Economia Rural (Deral) está estimando uma safra de cereais de inverno entre 3,9 e 4,0 milhões de toneladas se não ocorrer problemas climáticos graves.
A safra de verão se encaminha para o final de colheita devendo atingir uma produção de 22,4 milhões de toneladas, e a segunda safra de milho deve contribuir com um volume esperado de 12,3 milhões de toneladas, também se o clima não atrapalhar.
Para o secretário Norberto Ortigara, o Paraná está encerrando a colheita de sua safra de verão com um volume muito próximo à média que vem oscilando entre 20 e 22 milhões de toneladas desde a safra 2014/15, com exceção da safra 16/17 que contou com um clima extremamente favorável e proporcionou produtividades excelentes.
“O olhar dos produtores e do setor público se voltam para a segunda safra de outono e a de inverno. A expectativa é conferir se a segunda safra de milho será consolidada em 12,3 milhões de toneladas e se a safra de feijão será de 400 mil toneladas, conforme a projeção do Deral para essas duas culturas no ano agrícola 2017/18”, disse o secretário.
Segundo ele, uma vez definidas essas estimativas que dependem de clima, a conclusão de colheita da soja que está ocorrendo nos Campos Gerais e consolidada a produção de trigo e demais cereais de inverno, o Paraná deverá produzir volume correspondente a 18% ou 19% da produção nacional de grãos, que é a sua média histórica.
“Isso significa que o setor agrícola paranaense continua olhando pra frente, investindo, acreditando no potencial do agronegócio paranaense, não só na questão grãos mas também na produção de proteínas, considerando que soja e milho também são proteínas”, acrescentou.
TRIGO – De acordo com estimativa do Deral, a área plantada deve crescer cerca de 8%, que corresponde a um adicional de 80 mil hectares. Assim, a área avança de 970 mil hectares plantados no ano passado para 1.050.000 hectares que devem ser plantados este ano.
Com isso, a produção deve alcançar volume de 3,3 milhões de toneladas, aumento de 49% em relação ao ano passado. A região que mais aumenta a área é a Oeste. O aumento na produção é reflexo da quebra de safra ocorrida no ano passado e também ao alongamento do ciclo da soja, provocado por problemas climáticos no ano passado e início deste ano, que inviabilizou o plantio de milho da segunda safra, favorecendo o plantio do trigo que ocorre mais tarde.
O economista do Deral, Marcelo Garrido, acredita que os produtores ficaram receosos de uma geada precoce que pode acontecer ainda neste mês de abril e atingir em cheio uma possível área de milho de segunda safra. Para fugir desse risco, os produtores optaram por plantar o trigo que é mais resistente aos rigores do clima.
O preço do trigo aumentou cerca de 11% em relação à safra anterior, passando de R$ 31,73 a saca no ano passado para R$ 35,36 a saca, em média, este ano. Segundo Garrido, a safra de trigo tende a ser grandiosa no Paraná, confirmando o Estado como líder em produção ao lado do Rio Grande do Sul. Juntos os dois estados contribuem com o todo o fornecimento de trigo para o mercado interno, que corresponde a metade do que é consumido.
SOJA – A soja da safra 17/18 está com 81% da área plantada já colhida, com ritmo ainda um pouco atrasado por causa do clima durante o desenvolvimento da lavoura, que alongou o ciclo da cultura. Primeiro, a soja enfrentou seca e depois excesso de chuvas.
Mesmo assim, a safra foi boa devendo render um volume de 19,1 milhões de toneladas, 4% inferior ao ano passado, quando foi recorde e rendeu 19,8 milhões de toneladas. A área ocupada com a cultura alcançou um total de 5,4 milhões de hectares, 3% a mais que no ano anterior.
Segundo Garrido, com a safra chegando ao final de colheita é possível chegar próximo à realidade. Para o técnico, os níveis de produtividade voltaram para a média histórica, em torno de 3.500 quilos por hectare.
Para o produtor o momento é propício para a comercialização com a valorização de 14,5% no preço da soja. Em março deste ano o preço médio da soja foi cotado, em média, por R$ 68,60 a saca, contra R$ 59,90 a saca na média do ano passado.
A comercialização da soja no Paraná se acelerou nos últimos dias por causa do agravamento do clima na Argentina, grande produtor do grão, que está enfrentando uma das maiores secas dos últimos anos. Com isso, 31% ou um terço da safra já está vendida. A falta de soja no mercado externo provocou uma procura maior pelo grão produzido no Brasil.
A safra norte-americana já foi finalizada e quem tem oferta de soja no momento é só o Brasil e Argentina, cujo volume foi reduzido por causa da seca. Com isso, o preço internacional está oscilando bastante. Segundo Garrido, o quadro não favorece uma valorização maior porque nos Estados Unidos os preços não se alteram devido aos estoques elevados. Principalmente após a decisão da China ao não comprar a soja norte-americana, em retaliação aos EUA em sobretaxar o aço.
Assim, a valorização do grão está ocorrendo mais nos portos onde os compradores pagam um prêmio ao importador, explicou o técnico.
MILHO – O Paraná está concluindo o plantio da segunda safra de milho, que deve ocupar uma área de 2,15 milhões de hectares, uma redução de 11% sobre o plantio ocorrido na mesma época no ano passado. A produção esperada é de 12,3 milhões de toneladas, 7% a menos que no ano passado quando a segunda safra de milho alcançou volume de 13,3 milhões de toneladas.
Segundo o analista do Deral, Edmar Gervásio, a redução na área plantada com milho da segunda safra deve-se ao alongamento do ciclo da soja, que acabou favorecendo o plantio do trigo que ocorre mais tarde.
Entre a primeira e segunda safra de milho o Paraná deve produzir este ano 15 milhões de toneladas, que corresponde a 17% da produção nacional que este deve alcançar volume total de 87 milhões de toneladas. A safra nacional também está registrando redução de 10 milhões de toneladas no volume colhido, em função do clima que atrasou os ciclos das lavouras de verão também em outros estados.
Vem ocorrendo plantio tardio de milho nos estados do Paraná, Goiás e Mato Grosso. Com safra menor e aumento do risco durante o desenvolvimento das culturas, a oferta da segunda safra, que representa 70% da produção brasileira, pode não atender as necessidades do mercado interno.
Com isso, as cotações do milho também estão se valorizando no mercado interno. A saca está oscilando entre R$ 30,00 e R$ 31,00, um aumento de 30% sobre as cotações em mesmo período do ano passado, quando estavam entre R$ 23,00 e R$ 24,00 a saca. Entretanto, ainda não atingiu o preço alcançado em 2016, que foi R$ 35,00 a saca.
FEIJÃO – A colheita da primeira safra de feijão plantada no Estado já foi concluída. A produção obtida está estimada em 311.337 toneladas, volume 18% menor que no ano passado, quando a primeira safra rendeu 368.157 toneladas. A quebra da safra foi provocada pelo clima, com excesso de chuvas durante o desenvolvimento da lavoura.
O plantio da segunda safra transcorreu com normalidade e está encerrado. Este ano, a área cultivada com essa cultura alcançou 200.963 hectares, uma redução de 20% quando comparada com a área cultivada em 2017, que ocupou 251.625 hectares. A produção estimada pelo Deral é de 384.792 toneladas, volume 11% maior que no ano passado quando a segunda safra de feijão atingiu volume de 346.610 toneladas.
Segundo o economista do Deral, Methódio Groxko, a segunda safra também está sujeita ao risco climático. Até agora, 90% da área plantada está em boas condições e 10% em condições médias.
Com o excesso de chuvas durante o ciclo da primeira safra, a qualidade da produção foi afetada e os preços caíram, disse Groxko. O feijão de cor caiu 33%; e o feijão preto, 17%, também em função da queda de consumo que tradicionalmente ocorre no início do ano.
Segundo o Deral, o feijão de cor estava cotado a R$ 122,00 a saca em março do ano passado e este ano é vendido por R$ 82,00 a saca. O feijão preto era vendido por R$ 127,00 no ano passado e este ano é vendido por R$ 105,00 a saca.
Groxko explica que atualmente há muita oferta de feijão no mercado, também por causa da produção de outros Estados e por isso segue atípico, com vendas lentas e casadas. Assim sendo o mercado faz o ajuste, “comprando da mão pra boca”, disse o técnico.
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