Produtores seguem com incertezas para a próxima safra

Reunião da Comissão Técnica de Cereais, Fibras e Oleaginosas da FAEP, nesta quarta-feira (6), debateu custos de produção, incidência de novas pragas e desenvolvimento de cultivares

As incertezas no mercado internacional de fertilizantes causadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, além das consequências econômicas por causa da pandemia de Covid-19 nos últimos anos, seguem sendo as principais preocupações dos agricultores paranaenses. Em reunião da Comissão Técnica (CT) de Cereais, Fibras e Oleaginosas da FAEP, nesta quarta-feira (6), os produtores revelaram que a situação tem levado a uma dificuldade inédita no planejamento da próxima safra. A preocupação é com o estoque e a cotação de fertilizantes para o plantio da safra 2022/23.

Segundo o presidente da CT, José Antonio Borghi, é preciso tirar lições desse período turbulento para o futuro. “Estamos vendo a importância de alcançarmos a autossuficiência, possibilitar mais exportações, abrir novos mercados. É preciso ter uma política de Estado, dando as ferramentas, como seguro melhor e linhas de crédito facilitada”, analisou. “Agora, por exemplo, se o produtor quiser plantar trigo, a margem é de 1%, com juros de 10% a 15%. Isso limita essa cadeia e o mesmo vale para outros produtos”, complementou.

Os participantes da reunião virtual fizeram uma rodada de conjuntura pelo Estado. Os relatos confirmaram a quebra nas safras de soja e milho verão na temporada 2021/22. De modo geral, embora prejuízos tenham sido generalizados, as piores produtividades foram registradas em uma faixa que abrange o Noroeste, Oeste e Sudoeste. Alguns plantios que foram feitos mais tarde sofreram menos com a estiagem, que teve seu pior mês em dezembro de 2021.

Para o milho safrinha, tem chovido bem até o momento, com problemas isolados. Em relação ao trigo, não deve haver aumento de área nesse inverno por conta dos altos custos de produção.

Palestras

A programação da reunião ainda contou com duas palestras. A primeira com o o pesquisador Ricardo Sosa Gomez, da Embrapa Soja, tratou da lagarta conhecida no campo como “Falsa Medideira” (Rachiplusia nu). Nos últimos anos, a entidade, sede em Londrina, tem constatado a incidência da praga em lavouras paranaenses. Embora não tenham chegado ao nível de dano econômico nos casos conhecidos, a entidade de pesquisa tem acompanhado a evolução da população do inseto.

A segunda palestra apontou um panorama de variedades de soja disponibilizadas pela Embrapa. De acordo com o pesquisador Marcos Rafael Petek, da entidade, entre 2015 a 2020 foram desenvolvidas 50 novas cultivares: 16 convencionais, 22 com tecnologia RR e 12 com tecnologia IPRO. Petek fez um panorama de como funciona o processo para se chegar a novas cultivares.

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